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Echos

_DSC0267_DSC0294Encarar uma página em branco é dar de cara com o medo.

Seja um trabalho artístico, um texto, um projeto, uma ideia, começar é sempre igual, muito difícil. Isso porque ao dar o primeiro passo  nos damos conta que não somos perfeitos e não vamos acertar de primeira.

Mas o mais importante é o primeiro passo.

Encarar uma página em branco é dar voz a ecos da mente que reverberam com força. É um momento particular de luta, conhecimento, vitórias e derrotas. Sem pretensões ou expectativas, somente um momento de pura criação.

Não existe atalho, tudo começa com o primeiro passo, então é melhor começar o mais cedo possível para chegar mais rápido onde se quer.

Esse projeto ficou anos engavetado, mas agora finalmente venceu a página em branco.

Lhes apresento: Echoes

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Menino, muda o mundo

Todos temos certa consciência de tudo que envolve o mundo, imensidão, desigualdade social, produção desenfreada, poluição, grande concentração da população, agressividade, características que se refletem cada vez mais no próprio homem ou o mundo que se torna um reflexo da humanidade com essas características.

O filmeO Menino e o Mundo, de Alê Abreu, trata de tudo isso e muito mais que tudo isso. Uma animação brasileira de produção impecável que partindo de desenhos feitos a mão cria um universo fantástico, rico, emocionante e impossível de esquecer. A simples e grandiosa história do mundo visto aos olhos de uma criança que sai de sua casa em busca do pai.

A relação entre o O Menino e o Mundo se mostra uma grande aventura, cheia de significados, mensagens, metáforas, detalhes, cores, música, e mesmo em meio a tudo isso consegue manter-se simples e inocente como uma criança. Fica evidente o cuidado e a dedicação de todas as pessoas envolvidas, todos os elementos que compõem a narrativa foram muito bem pensados e desenvolvidos fazendo com que nada que aparece na tela esteja lá por acaso.

A técnica aplicada na animação chama muito a atenção, um desenho simples que remete muitas vezes a uma criança desenhando em uma folha em branco, provavelmente a maneira mais sincera de retratar esse universo lúdico a que somos apresentados. Riscos, rabiscos, tintas, texturas, recortes, colagens, o cheiro do papel e a lembrança de o quanto já brincamos isso tudo.

Vídeo da produção da animação mostrando um pouco do processo criativo dos desenhos.

Somado a todas as sensações que animação traz temos a música e os efeitos sonoros, que nesse caso são parte integrante da construção da narrativa. Uma melodia marcante que se apresenta de varias maneiras diferentes durante todo o filme, seja tocada em uma flauta ou cantada por uma multidão de pessoas, acompanha a trajetória desse menino que se torna cada vez mais um amigo. O mesmo cuidado aplicado ao processo do desenho também pode ser visto no som, os efeitos sonoros produzidos pelo grupo de percussão corporal Barbatuques dão ao som uma delicadeza única.

Vídeo sobre a produção dos efeitos sonoros.

Um mundo de lembranças, encontros e perdas, esperança e desilusão, começo, fim e recomeço, tudo desenvolvido sem nenhum dialogo que possamos entender, somente algumas palavras sem sentido sussurradas ao pé do ouvido. E como diz a trilha sonora do filme, não é que esse mundo é grande mesmo.

Trilha sonora: Aos olhos de uma criança – Emicida

Fontes: O menino e o mundo e Filme de Papel

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Descobrindo a cidade com Cristiano Mascaro

Material de divulgação da exposição de 2008 e retrato de Cristiano Mascaro durante a palestra.
Material de divulgação da exposição de 2008 e retrato de Cristiano Mascaro durante a palestra.

Recentemente tive a oportunidade de participar de uma palestra/conversa com o fotografo Cristiano Mascaro, onde ele falou sobre a importância de fotografar a cidade e as oportunidades de descobrimento e surpresas que este ato proporciona.

Em 2008 tive meu primeiro contato com o trabalho do fotografo, a exposição Cristiano Mascaro: todos os olhares feita no Instituto Tomie Ohtake e com curadoria de Agnaldo Farias. O resultado das fotos no então estudante de design e aspirante a fotografo foram maiores do que eu vou conseguir explicar aqui.

Posso fazer isso com a fotografia? Posso usar ela como maneira de comunicar o mundo, a cidade e o cotidiano da maneira como eu vejo? Foram alguns dos questionamentos que me fiz na época e que desde então tenho estudado, praticado e aplicado.

Cristiano Mascaro é paulista, formado em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP, e em seu trabalho é evidente o amor e interesse pela cidade, pelo urbano e todos os seus elementos.

Cristiano Mascaro -Vista Igreja Santa Ifigênia 2003
Cristiano Mascaro, Vista Igreja Santa Ifigênia 2003.

A melhor parte dessas conversas com grandes fotógrafos é conhecer as histórias anteriores a cada fotografia, o processo criativo, erros, acertos, e ter a certeza que nenhum desses grandes nomes estão lá por sorte e sim por fruto de muito, mas muito trabalho. Cristiano Mascaro se mostra 100% dedicado à fotografia, fotografa para seus trabalhos profissionais e aproveita para fazer fotos autorais, fotografa durante as horas vagas como diversão e quando não está fotografando com certeza está pensando ou falando sobre fotografia.

Cristiano Mascaro -Parque de Diversões Votorantim SP 1999
Cristiano Mascaro, Parque de Diversões Votorantim SP 1999.

Um aspecto que ele deixa bem claro é que com o aumento da produção fotográfica ligada a arte contemporânea as fotos tradicionais e trabalho documental não perdem força, ou pelo menos não deveriam perder, e ressalta a importância da preservação da memória. Nunca vão deixar de existir assuntos e temas a serem fotografados na cidade, cabe a cada um que se propõe a isso adaptar-se as mudanças do ambiente urbano, estando preparados para usar limitações como maneira de dar mais força e personalidade ao seu trabalho e ter a sensibilidade de aproveitar as surpresas que a fotografia proporciona.

Fontes: Cristiano Mascaro

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Solidão Transitante

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Solidão transitante é um projeto fotográfico que se tornou um reflexo.

Surgiu de um dia no transito, de um olhar pelo retrovisor e a visão de varias pessoas na mesma situação, a primeira imagem mais a frente ilustra essa constante presente na vida de cada um. Digo que se tornou um reflexo porque mostra momentos passam por nossos olhos todos os dias, mas que por vezes nem sequer reparamos. Um reflexo sobre o dinamismo, sobre o fluxo e acima de tudo sobre a vida em uma grande metrópole. Um ensaio fotográfico pautado pelos recortes que a vista de dentro de um carro proporciona, com o intuito de mostrar como a relação entre homem, carro e cidade tende a solidão.

“Se vou para frente… Coisas ficam para traz … A gente só nunca sabe… que coisas são essas.” trecho do texto Amém, de autoria de Fernando Anitelli, que se tornou parte integrante do projeto servindo como linha guia para a narrativa e ajudando a ilustrar as ideias apresentadas.

solidao_transitante_02

Amém
Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário
Letras, lados, lestes
O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade… ]
[ nada muda
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade ]
[ no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja
É mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar
Prendas de quermesse
A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto
O farol fecha…
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor
Retrovisor é passado
É de vez em quando… do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde… próximo… seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi… calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou para frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe… que coisas são essas

Todas as fotos do projeto aqui no site:
Solidão Transitante

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