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FotoBienalMASP 2013

Ir no MASP é um dos programas tradicionais dos paulistanos, tarde na Paulista com uma passada pelo Museu de Arte de São Paulo. Fico feliz que pela primeira vez eu tenha visto uma exposição relacionada a fotografia lá.

No último dia 16 de agosto foi aberta ao público a 1ª edição da FotoBienalMASP, organizada por Ricardo Resende em parceria com o MASP.

O foco da exposição é bem claro, mesmo que passando por um caminho não tão claro, ela propõe a discussão da fotografia em aspectos diferentes de seu uso e linguagem tradicionais. Reunindo 35 artistas entre brasileiros e estrangeiros com o objetivo de mostrar varias aplicações da fotografia como arte contemporânea, seja em sua apresentação final, o uso de performance e vídeo ou em conceitos que se abstraem do ato de fotografar.

Entre os trabalhos expostos alguns me chamaram muito a atenção, principalmente duas performances em vídeo com uma capacidade incrível de atrair olhares e desenvolver um discurso muito consistente.

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Palomo, trabalho de Berna Reale

O primeiro deles é “Palomo”, da artista visual e performer paraense Berna Reale. Um trabalho que traz a reflexão sobre a violência e a autoridade, temas que ganharam mais força e significado com os protestos recentes que aconteceram e acontecem no Brasil. Mesmo sendo uma obra silenciosa, onde só se ouvem os passos do animal, a imagem do cavalo vermelho marchando pela cidade sendo montado por um humano usando fucinheira no rosto se tornou tão forte e cheia de significado que é possível sentir pelo vídeo toda a autoridade, agressividade e medo provenientes dessa marcha.

O segundo é o projeto “Mentira Repetida” de Rodrigo Braga, cujos trabalhos anteriores que eu tive contato sempre me chamaram a atenção pelas discussões e conceitos desenvolvidos e intrínsecos a qualquer ser humano, mesmo que por muitas vezes me deixem meio chocado.

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Mentira Repetida, de Rodrigo Braga

Os gritos de Rodrigo no vídeo são ouvidos de longe durante a visitação à exposição, e ao dar de cara com o trabalho o choque inicial é inevitável e atinge cada pessoa de uma maneira particular. Uma concepção simples, o artista em meio a uma mata liga a câmera, coloca-se na frente dela, e começa a gritar. Os gritos se repetem, e se repetem, e se repetem, e a cada grito é possível ver mais entrega, e a cada grito é possível ver mais angustia, e cada grito é possível ver todas as forças sendo usadas e exauridas, e a cada grito é possível se identificar mais com esse trabalho, afinal todos tem seus gritos guardados, trancados e escondidos no peito.

A FotoBienalMasp estará no MASP até 03 de novembro de 2013, e quem estiver de bobeira na Paulista como eu estava vá que não vai se arrepender.
Mais informações sobre a exposição no site do MASP

Fontes: MASP, Rodrigo Braga e Icônica

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