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As caras pintadas dos Secos e Molhados

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Estou mais uma vez aqui colocar em prática a minha paixão pelo design de capas, sejam em livros ou discos, afinal quem nunca comprou um livro pela capa? Hoje vamos voltar 40 anos no tempo e falar um pouco sobre uma das capas mais mais icônicas da história da música brasileira.

De 1973, Secos e Molhados.

Mas afinal, o que define algo ou alguém que se torna um ícone?

Ser diferente, chocar a sociedade, representar os desejos e sonhos de uma geração ou simplesmente estar no lugar certo e na hora certa. Provavelmente uma mistura de isso tudo e outros tantos fatores que não sabemos explicar, querendo ou não vivemos hoje em uma realidade de histórias e heróis que em uma semana se tornam noticia velha.

Surgindo em meio a ditadura militar Secos e Molhados tem como referencia clara o movimento predecessor do Tropicalismo, e em seu disco de estréia também intitulado Secos e Molhados trata de assuntos como a liberdade de expressão, o racismo e a violência, uma das muitas manifestações artísticas que surgiram no período clamando por uma “voz ativa”.

O nome curioso se baseia em um comercio tipico do século XIX, um armazém que vendia um pouco de tudo desde secos: grãos, verduras, pão, passando pelos molhados: azeite e vinho. Uma mistura que refletia exatamente tudo que a banda estava propondo com suas músicas, originadas em parte de poemas de Vinicius de Moraes, Cassiano Ricardo e Manuel Bandeira e seus shows.

secos-e-molhados-2O disco foi um sucesso, tendo a previsão de vendas da gravadora de 1.500 cópias em 1 ano sendo superada em apenas 1 semana, somando no total mais de 1 milhão de cópias vendidas em todo o País.

A autoria da imagem da capa é do fotografo Antônio Carlos Rodrigues, que na época trabalhava no jornal carioca Última Hora, uma imagem simples e impactante onde ele produziu uma mesa de jantar com vários produtos entre Secos e Molhados, incluindo a própria banda.

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E para terminar com um gostinho de 1973, o último parágrafo da primeira faixa do disco.

Rompi tratados,
traí os ritos.
Quebrei a lança,
lancei no espaço:
um grito, um desabafo.
E o que me importa
é não estar vencido.

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O dia em que os Beatles apareceram de bigode

beatles_coverPessoas que gostamos.

Esse conceito simples permeia a criação de umas das capas mais importantes do história do rock e de uma das imagens mais icônicas da cultura pop.

Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, 1967, Beatles.

Acho impossível encontrar alguém que não tenha ficado curioso ao ver essa capa, ela é estranha, diferente, encantadora e cheia de mistério.

A fotografia é de autoria de Michael Cooper, o design e a preparação do cenário ficaram sob a responsabilidade de Peter Blake, a ideia era de que eles tivessem acabado de tocar em um show no parque e a capa seria a fotografia do grupo com as pessoas que assistiram ao show. Usando recortes de fotos de pessoas célebres coladas em papelão essa ideia se tornou possível.

Entre o público que virtualmente fez parte dessa foto podemos destacar: Edgar Allan Poe, Bob Dylan, Aldous Huxley, Marilyn Monroe, Karl Marx, Marlon Brando, Oscar Wilde, Lewis Carroll, Albert Einstein, e os nomes continuam por uma longa lista.

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A ideia do eu-lírico dos Beatles, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, foi de Paul Mccartney. Surgiu durante uma viagem em que ele se disfarçou para tentar passar despercebido pelos fãs, nesse momento ele imaginou quanta liberdade os Beatles teriam se eles usassem mascaras.

Sendo essa história verdade ou não, esse conceito criativo acabou não se aplicando a todo o álbum, mas proporcionou o primeiro disco em que os Beatles se dedicaram inteiramente ao estúdio. Um disco cuja três primeiras músicas são somente: Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, A Little Help From My Friends e Lucy In The Sky With Diamonds, um álbum cujo conceito e a capa são cheios de mistérios e lendas urbanas, um álbum que me traz um sentimento de nostalgia gigantesco.

Saudades de grandes discos e grandes capas, uma vez que a música e a imagem caminham em paralelo desde que Alex Steinweiss teve a ideia de criar a primeira capa para um disco de vinil. Capa de disco, que nos anos 50 se tornou uma maneira de promover os artista e que nos anos 60 e 70 se tornou parte integrante da cultura pop.

Hoje, na minha visão, elas deram espaço aos vídeos quando falamos em aproximação com o publico, e mesmo com a profusão imensa de informação que temos na internet ainda é possível ver trabalhos que não perderam essa essência da criatividade. Porém é difícil avaliar se daqui a 40 ou 50 anos esses novos trabalhos vão ser sequer lembrados, afinal como já diziam do Titãs, vivemos na época da melhor banda de todos os tempos da última semana.

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Fontes: The Beatles: a história por trás de todas as canções escrito por Steve Turner e a HQ O pequeno livro dos Beatles escrito e ilustrado por Hervé Bourhis

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