Divina inspiração não existe.
Uma ideia criativa simplesmente não surge pronta na cabeça de um artista, que dá vida a ela por meio de um quadro, um texto, uma fotografia, uma música, ou seja qual for a maneira pela qual ele se expressa.
Divina inspiração não existe, é sim fruto de uma construção trabalhosa.
O que é comum a qualquer artista é que o primeiro passo de uma criação é a maneira como ele enxerga o mundo. O que acredita, o que gosta, suas referências, elementos que fazem parte de um fluxo de ideias e reflexões que mesmo inconscientemente passam sim pela cabeça de quem está criando.
Particularmente sobre a fotografia os caminhos que a construção de uma imagem permeiam, além da visão particular de cada fotografo, são os da técnica e da composição, que juntos lapidam a imagem a ser criada dentro da cena que se apresenta.
Para um fotografo a imagem surge de algo que chama a atenção, seja real ou uma ideia que será construída posteriormente.
Qual a melhor maneira de fazer esse registro?
Se algo chamou a atenção é porque ele tem sentimento, tem história, é instigador. É papel do fotografo interpretar isso e conseguir responder de forma concisa: Onde? Quando? Quem? De que forma? Para quê? O quê?
Além dessa parte mais subjetiva temos as perguntas que a técnica faz: vertical ou horizontal, colorida ou preto e branco, qual a profundidade de campo ideal, luz natural ou flash, como compor o que estou vendo.
Assim se constrói uma imagem. Com muito trabalho, muitos erros, muita experimentação e muita espera porque no caso da fotografia ainda precisamos ter a paciência e a esperança de que o momento decisivo irá chegar. Um olhar, um beijo, um carinho, uma pessoa passando, um pássaro, uma nuvem, um carro, uma risada, um sorriso…
É ai que reside toda a magia!
Fonte: Livro Contexto e Narrativa em Fotografia de Maria Short