O Victor tem grandes olhos, que curiosos olhavam TUDO.
A câmera, as pessoas, a igreja, o padre, os padrinhos, fica a certeza que adorou o dia do seu batizado e todo o carinho que recebeu.
O que mais gosto na fotografia é que por vezes não temos a menor ideia do que o dia vai nos proporcionar. Essa imprevisibilidade exige do fotografo uma grande capacidade de adaptação, usar as ferramentas disponíveis naquele momento para a construção da melhor imagem possível.
Esta foto foi feita em um domingo de manhã no Elevado Costa e Silva (Minhocão). Havia fotografado lá há alguns anos, e decidi voltar para redescobrir o local.
O amanhecer entre os prédios. Uma luz amarelada e forte. Um bom-dia para a cidade. Um bem-vindo para mim. EXATAMENTE a primeira imagem que vi.
Viver em outro País tem seus pontos positivos e negativos, ficar longe da família e amigos está entre a parte negativa, mas as visitas ao Brasil são sempre cheias de amor, carinho, risadas e histórias. Foi assim na festa de 3 anos do Daniel, a certeza que por aqui tem muita gente que ama ele.
Divina inspiração não existe.
Uma ideia criativa simplesmente não surge pronta na cabeça de um artista, que dá vida a ela por meio de um quadro, um texto, uma fotografia, uma música, ou seja qual for a maneira pela qual ele se expressa.
Divina inspiração não existe, é sim fruto de uma construção trabalhosa.
O que é comum a qualquer artista é que o primeiro passo de uma criação é a maneira como ele enxerga o mundo. O que acredita, o que gosta, suas referências, elementos que fazem parte de um fluxo de ideias e reflexões que mesmo inconscientemente passam sim pela cabeça de quem está criando.
Particularmente sobre a fotografia os caminhos que a construção de uma imagem permeiam, além da visão particular de cada fotografo, são os da técnica e da composição, que juntos lapidam a imagem a ser criada dentro da cena que se apresenta.
Para um fotografo a imagem surge de algo que chama a atenção, seja real ou uma ideia que será construída posteriormente.
Qual a melhor maneira de fazer esse registro?
Se algo chamou a atenção é porque ele tem sentimento, tem história, é instigador. É papel do fotografo interpretar isso e conseguir responder de forma concisa: Onde? Quando? Quem? De que forma? Para quê? O quê?
Além dessa parte mais subjetiva temos as perguntas que a técnica faz: vertical ou horizontal, colorida ou preto e branco, qual a profundidade de campo ideal, luz natural ou flash, como compor o que estou vendo.
Assim se constrói uma imagem. Com muito trabalho, muitos erros, muita experimentação e muita espera porque no caso da fotografia ainda precisamos ter a paciência e a esperança de que o momento decisivo irá chegar. Um olhar, um beijo, um carinho, uma pessoa passando, um pássaro, uma nuvem, um carro, uma risada, um sorriso…
É ai que reside toda a magia!
Fonte: Livro Contexto e Narrativa em Fotografia de Maria Short