Criatividade e Yann Tiersen

Ilustração Yann Tiersen

criar 
cri.ar
(lat creare) vtd 1 Dar existência a, tirar do nada.

Do nada surge o todo.
Mas sabemos que a equação não é bem essa, o ato de criar é sim muito trabalhoso. Trabalhoso e gratificante. Um caminho de descoberta, silêncio, questionamento, experimentação, reflexão, erros, erros, erros e alguns acertos. Para mim sempre foi assim, sem receitas prontas, sem certo ou errado, um processo em constante mudança e adquação.

A música sempre está presente nesses momentos, dando ritmo a todas as ideias que surgem  e ajudando manter o foco no que é importante naquele momento. Estudos mostram que a ela traz um sentimento de motivação, ajudando assim na solução de um problema. Nos vemos em um transe que só se explica com o definição do dicionario sobre criar “Dar existência a, tirar do nada”, momento onde todas as pesquisas e ideias ganham forma, onde a criatividade, o lado direito do cérebro, toma conta da situação.

Eu particularmente tenho um compositor que sempre acompanha esses momentos de maior concentração, Yann Tiersen. Para quem ainda não ligou esse cara de nome estranho ao trabalho que produzido por ele posso dizer que ele é conhecido por músicas de dois grandes filmes: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e Adeus, Lenin!, e acima de tudo é um grande maluco.

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Dedicando-se desde muito jovem ao aprendizado de música e a instrumentos musicais, aos 13 anos  o pequeno Yann fez o que qualquer criança normal faria, quebrou seu violino comprou uma guitarra e começou uma banda de rock. Depois de alguns anos a banda acabou e ele começou a gravar músicas solo com um mesa de mixagem barata, foi o primeiro passo para começar a experimentar sem parar, procurando sempre novos sons até chegar ao ponto de mandar arrumar o violino quebrado e começar a criar seus próprios sons para usar nas músicas. Em 1993 ele tinha 40 músicas gravas e lança seus primeiros 2 álbuns.

Um músico com trabalho impressionante, que faz questão de ser parte ativa em todas as etapas do processo criativo de que participa, o que o torna em uma pessoa por vezes tão perfeccionista que acaba tocando vários instrumentos na produção de algum projeto. Sua música se caracteriza por parecer que te pega pela mão e leva por um passeio pela narrativa que ela está conduzindo, em alguns momentos quase como uma experiencia de hipnose. Músicas que passam pelo instrumental mais clássico chegando até a algo com pegada mais rock. Com toda certeza uma ótima trilha para momentos de criação, reflexão, imaginação, produção e seja lá o que mais terminar com “ão” e couber nessa discussão.

Para ilustrar tudo isso nada melhor que uma música simples, cheia de ritmo e com um clipe que reflete essa simplicidade e ritmo.

Fonte: Yann Tiersen

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Transmutantes de Penna Prearo

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A imagem acima foi o primeiro contato que tive com o trabalho do fotografo Penna Prearo. A imagem acima tirou meu ar por algum tempo.

Eu tenho o habito de tentar descobrir regularmente artistas novos para mim, artistas criativos, artistas que em algum aspecto conversem com o que eu produzo, artistas que façam eu entender que devo criar sempre mais.

Penna Prearo é um desses artistas.

Até hoje não conheci alguém com uma produção tão diversificada e criativa quanto a dele, amanhã não se sabe mas hoje realmente é ele. Alguns artistas tornam-se criativos dentro do estilo desenvolvido por eles, no caso de Penna é ao contrario. Ele é criativo de uma maneira plural, seja nas varias maneiras como apresenta seus trabalhos, seja em seus retratos, ou partindo para o lado autoral em imagens com interferências, trabalhos documentais, a maneira como aplica o resultado de suas imagens e os universos imaginários fantásticos criados por ele.

Um fotografo paulista, que começou a trabalhar na área de fotojornalismo, shows e produção de capa de discos e depois se dedicou a fotografia autoral. (Acabei descobrindo que uma foto que eu gosto muito dos Raimundos é de autoria dele, imagem no fim do post)

O que quero mostrar aqui é um pouco mais sobre a série autoral intitulada Transmutantes, da qual a primeira imagem do post faz parte. Um projeto ligado ao imaginário, mas o que basicamente isso quer dizer? Precisamos ter em mente que o imaginário se liga ao homem, um ser altamente simbólico ou como define Ernst Cassirer um animal simbólico, logo o imaginário se apresenta como uma mostra de imagens (símbolos) inerentes ao homem.

Em Transmutantes evidenciamos a criação de um mundo de sonho e fantasia, um mundo de mulheres, um mundo de falta de rostos ou identidade. Esticamente um mundo de movimento, de falta de pregnancia de forma, de contraste, difusão, distorção, de ruído visual, uma serie que como um todo é estranhamente harmonica.

Um dos muitos universos criados por Penna Prearo.

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E para terminar a foto dos Raimundos que eu comentei no meio do post.
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Fontes: www.pennaprearo.com.brwww.imafotogaleria.com.br

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Solidão Transitante

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Solidão transitante é um projeto fotográfico que se tornou um reflexo.

Surgiu de um dia no transito, de um olhar pelo retrovisor e a visão de varias pessoas na mesma situação, a primeira imagem mais a frente ilustra essa constante presente na vida de cada um. Digo que se tornou um reflexo porque mostra momentos passam por nossos olhos todos os dias, mas que por vezes nem sequer reparamos. Um reflexo sobre o dinamismo, sobre o fluxo e acima de tudo sobre a vida em uma grande metrópole. Um ensaio fotográfico pautado pelos recortes que a vista de dentro de um carro proporciona, com o intuito de mostrar como a relação entre homem, carro e cidade tende a solidão.

“Se vou para frente… Coisas ficam para traz … A gente só nunca sabe… que coisas são essas.” trecho do texto Amém, de autoria de Fernando Anitelli, que se tornou parte integrante do projeto servindo como linha guia para a narrativa e ajudando a ilustrar as ideias apresentadas.

solidao_transitante_02

Amém
Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário
Letras, lados, lestes
O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade… ]
[ nada muda
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade ]
[ no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja
É mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar
Prendas de quermesse
A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto
O farol fecha…
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor
Retrovisor é passado
É de vez em quando… do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde… próximo… seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi… calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou para frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe… que coisas são essas

Todas as fotos do projeto aqui no site:
Solidão Transitante

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