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Peixes e Homens – parte 1

O que eu acho mais divertido sobre as crianças, e que tento manter um pouco até hoje, é a criatividade abundante, a habilidade que só elas têm de viver em um mundo lúdico, com suas brincadeiras, seus sonhos e suas fantasias.

Em uma entrevista do escritor uruguaio Eduardo Galeano para o documentário Sangue Latino, ele apresenta uma história sobre essa realidade em que as crianças vivem:
“(…) eu cruzei com uma menina, muito nova, devia ter uns dois anos, não mais que dois anos, que vinha brincando no sentido contrário e ela vinha cumprimentando a graminha, as plantinhas “bom dia graminha”, dizia: “bom dia graminha”. Nessa idade somos todos pagãos, somos todos poetas, depois o mundo se ocupa de apequenar nossa alma e é isso que chamamos de crescimento, desenvolvimento.”

Peixes e Homens foi inspirado por certezas que eu tinha quando era uma criança, apresentei as ilustrações para a grande amiga Renata Minholi e ela foi muito simpática em abraçar a ideia e escrever pequenas histórias, ou uma grande história sem fim, sobre o que eu estava querendo demonstrar.

Um trabalho feito por ela e por mim como uma tentativa de ver o mundo novamente como crianças. No total são 4 textos e imagens, 2 seguem nesse post e os 2 últimos no post da próxima semana.

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Transmutantes de Penna Prearo

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A imagem acima foi o primeiro contato que tive com o trabalho do fotografo Penna Prearo. A imagem acima tirou meu ar por algum tempo.

Eu tenho o habito de tentar descobrir regularmente artistas novos para mim, artistas criativos, artistas que em algum aspecto conversem com o que eu produzo, artistas que façam eu entender que devo criar sempre mais.

Penna Prearo é um desses artistas.

Até hoje não conheci alguém com uma produção tão diversificada e criativa quanto a dele, amanhã não se sabe mas hoje realmente é ele. Alguns artistas tornam-se criativos dentro do estilo desenvolvido por eles, no caso de Penna é ao contrario. Ele é criativo de uma maneira plural, seja nas varias maneiras como apresenta seus trabalhos, seja em seus retratos, ou partindo para o lado autoral em imagens com interferências, trabalhos documentais, a maneira como aplica o resultado de suas imagens e os universos imaginários fantásticos criados por ele.

Um fotografo paulista, que começou a trabalhar na área de fotojornalismo, shows e produção de capa de discos e depois se dedicou a fotografia autoral. (Acabei descobrindo que uma foto que eu gosto muito dos Raimundos é de autoria dele, imagem no fim do post)

O que quero mostrar aqui é um pouco mais sobre a série autoral intitulada Transmutantes, da qual a primeira imagem do post faz parte. Um projeto ligado ao imaginário, mas o que basicamente isso quer dizer? Precisamos ter em mente que o imaginário se liga ao homem, um ser altamente simbólico ou como define Ernst Cassirer um animal simbólico, logo o imaginário se apresenta como uma mostra de imagens (símbolos) inerentes ao homem.

Em Transmutantes evidenciamos a criação de um mundo de sonho e fantasia, um mundo de mulheres, um mundo de falta de rostos ou identidade. Esticamente um mundo de movimento, de falta de pregnancia de forma, de contraste, difusão, distorção, de ruído visual, uma serie que como um todo é estranhamente harmonica.

Um dos muitos universos criados por Penna Prearo.

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E para terminar a foto dos Raimundos que eu comentei no meio do post.
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Fontes: www.pennaprearo.com.brwww.imafotogaleria.com.br

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Solidão Transitante

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Solidão transitante é um projeto fotográfico que se tornou um reflexo.

Surgiu de um dia no transito, de um olhar pelo retrovisor e a visão de varias pessoas na mesma situação, a primeira imagem mais a frente ilustra essa constante presente na vida de cada um. Digo que se tornou um reflexo porque mostra momentos passam por nossos olhos todos os dias, mas que por vezes nem sequer reparamos. Um reflexo sobre o dinamismo, sobre o fluxo e acima de tudo sobre a vida em uma grande metrópole. Um ensaio fotográfico pautado pelos recortes que a vista de dentro de um carro proporciona, com o intuito de mostrar como a relação entre homem, carro e cidade tende a solidão.

“Se vou para frente… Coisas ficam para traz … A gente só nunca sabe… que coisas são essas.” trecho do texto Amém, de autoria de Fernando Anitelli, que se tornou parte integrante do projeto servindo como linha guia para a narrativa e ajudando a ilustrar as ideias apresentadas.

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Amém
Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário
Letras, lados, lestes
O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade… ]
[ nada muda
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade ]
[ no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja
É mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar
Prendas de quermesse
A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto
O farol fecha…
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor
Retrovisor é passado
É de vez em quando… do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde… próximo… seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi… calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou para frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe… que coisas são essas

Todas as fotos do projeto aqui no site:
Solidão Transitante

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