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Fotografia Documental, uma interpretação do mundo

Decidi falar nesse post sobre uma das categorias da fotografia que mais me interesso, a fotografia documental. Iniciaremos aqui uma conversa sobre a fotografia e suas ramificações estendendo para os próximos posts a apresentação do trabalho de alguns artistas que tem ligação com o documental.

Basicamente podemos dividir a fotografia em 3 grupos principais: a fotografia documental, o fotojornalismo e a fotografia publicitária, mas é claro que essa divisão não é tão clara na prática e os vários campos se correlacionam gerando trabalhos com influencias das mais diversas.

O significado da palavra documental está ligado a todo e qualquer fato que possa servir de prova, confirmação ou testemunho sobre algum tema, que no caso da fotografia documental podem ser os mais diversos: guerra, cotidiano, viagens, divergências sociais, entre tantos outros.

Cada fotógrafo possui uma maneira particular de ver o mundo, fotografar e contar às histórias que passam pelos seus olhos, a fotografia documental é onde isso levado mais a fundo. O trabalho documental consiste em uma pesquisa ou conhecimento prévio do assunto fotografado, tendo como prioridade desenvolver um projeto mais interpretativo e elaborado, e tendo como resultado uma série de fotos ilustram a visão e a interpretação do fotografo sobre o tema abordado.

Sebastião Salgado - Serra Pelada
Sebastião Salgado – Serra Pelada

Mais do que um registro momentâneo o trabalho documental se torna uma real interpretação sobre o tema alvo das fotografias, mesmo sabendo que qualquer fotografia já uma interpretação do mundo real a fotografia documental se torna uma interpretação mais profunda e elaborada.

O trabalho documental na fotografia contemporânea tem seu papel ligado ao documentário imaginário, lugar de sonhos, subjetividade e experimentação de maneira mais direta e aberta, mas mantendo as características de pesquisa e série de imagens que estão presentes no trabalho documental tradicional.

A fotografia documental se torna um trabalho de pesquisa, de denuncia, uma maneira de mostras histórias e visões do mundo, retratar experiências de vida e acima de tudo um exercício de autoconhecimento.

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Descobrindo a cidade com Cristiano Mascaro

Material de divulgação da exposição de 2008 e retrato de Cristiano Mascaro durante a palestra.
Material de divulgação da exposição de 2008 e retrato de Cristiano Mascaro durante a palestra.

Recentemente tive a oportunidade de participar de uma palestra/conversa com o fotografo Cristiano Mascaro, onde ele falou sobre a importância de fotografar a cidade e as oportunidades de descobrimento e surpresas que este ato proporciona.

Em 2008 tive meu primeiro contato com o trabalho do fotografo, a exposição Cristiano Mascaro: todos os olhares feita no Instituto Tomie Ohtake e com curadoria de Agnaldo Farias. O resultado das fotos no então estudante de design e aspirante a fotografo foram maiores do que eu vou conseguir explicar aqui.

Posso fazer isso com a fotografia? Posso usar ela como maneira de comunicar o mundo, a cidade e o cotidiano da maneira como eu vejo? Foram alguns dos questionamentos que me fiz na época e que desde então tenho estudado, praticado e aplicado.

Cristiano Mascaro é paulista, formado em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP, e em seu trabalho é evidente o amor e interesse pela cidade, pelo urbano e todos os seus elementos.

Cristiano Mascaro -Vista Igreja Santa Ifigênia 2003
Cristiano Mascaro, Vista Igreja Santa Ifigênia 2003.

A melhor parte dessas conversas com grandes fotógrafos é conhecer as histórias anteriores a cada fotografia, o processo criativo, erros, acertos, e ter a certeza que nenhum desses grandes nomes estão lá por sorte e sim por fruto de muito, mas muito trabalho. Cristiano Mascaro se mostra 100% dedicado à fotografia, fotografa para seus trabalhos profissionais e aproveita para fazer fotos autorais, fotografa durante as horas vagas como diversão e quando não está fotografando com certeza está pensando ou falando sobre fotografia.

Cristiano Mascaro -Parque de Diversões Votorantim SP 1999
Cristiano Mascaro, Parque de Diversões Votorantim SP 1999.

Um aspecto que ele deixa bem claro é que com o aumento da produção fotográfica ligada a arte contemporânea as fotos tradicionais e trabalho documental não perdem força, ou pelo menos não deveriam perder, e ressalta a importância da preservação da memória. Nunca vão deixar de existir assuntos e temas a serem fotografados na cidade, cabe a cada um que se propõe a isso adaptar-se as mudanças do ambiente urbano, estando preparados para usar limitações como maneira de dar mais força e personalidade ao seu trabalho e ter a sensibilidade de aproveitar as surpresas que a fotografia proporciona.

Fontes: Cristiano Mascaro

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Transmutantes de Penna Prearo

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A imagem acima foi o primeiro contato que tive com o trabalho do fotografo Penna Prearo. A imagem acima tirou meu ar por algum tempo.

Eu tenho o habito de tentar descobrir regularmente artistas novos para mim, artistas criativos, artistas que em algum aspecto conversem com o que eu produzo, artistas que façam eu entender que devo criar sempre mais.

Penna Prearo é um desses artistas.

Até hoje não conheci alguém com uma produção tão diversificada e criativa quanto a dele, amanhã não se sabe mas hoje realmente é ele. Alguns artistas tornam-se criativos dentro do estilo desenvolvido por eles, no caso de Penna é ao contrario. Ele é criativo de uma maneira plural, seja nas varias maneiras como apresenta seus trabalhos, seja em seus retratos, ou partindo para o lado autoral em imagens com interferências, trabalhos documentais, a maneira como aplica o resultado de suas imagens e os universos imaginários fantásticos criados por ele.

Um fotografo paulista, que começou a trabalhar na área de fotojornalismo, shows e produção de capa de discos e depois se dedicou a fotografia autoral. (Acabei descobrindo que uma foto que eu gosto muito dos Raimundos é de autoria dele, imagem no fim do post)

O que quero mostrar aqui é um pouco mais sobre a série autoral intitulada Transmutantes, da qual a primeira imagem do post faz parte. Um projeto ligado ao imaginário, mas o que basicamente isso quer dizer? Precisamos ter em mente que o imaginário se liga ao homem, um ser altamente simbólico ou como define Ernst Cassirer um animal simbólico, logo o imaginário se apresenta como uma mostra de imagens (símbolos) inerentes ao homem.

Em Transmutantes evidenciamos a criação de um mundo de sonho e fantasia, um mundo de mulheres, um mundo de falta de rostos ou identidade. Esticamente um mundo de movimento, de falta de pregnancia de forma, de contraste, difusão, distorção, de ruído visual, uma serie que como um todo é estranhamente harmonica.

Um dos muitos universos criados por Penna Prearo.

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E para terminar a foto dos Raimundos que eu comentei no meio do post.
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Fontes: www.pennaprearo.com.brwww.imafotogaleria.com.br

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